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Criar para se descobrir

Por Raquel Carraro

A palavra criar é pequena e fácil de dizer, mas a ação proposta por ela nem sempre agrada, e para alguns, dá até medo.
Criar é sair da zona de conforto, fazer algo ou pensar de maneira diferente da qual se está acostumado; pode ser difícil ou incomodo, mas ao mesmo tempo é divertido e libertador.
Não é necessário ser o maior criador de todos os tempos, a ideia é usar e praticar a criação em pequenas coisas do dia-a-dia, para obtermos novos resultados que melhorem a vida, que ampliem nossos conhecimentos e campo de visão. Sem medo, o importante é apenas tentar.
Em nosso cotidiano, passamos por muitos momentos em que temos que fazer escolhas, podemos optar por acrescentar um ou outro tempero à comida, escolher a blusa azul ou a roxa, fazer um risco para cima ou para baixo; mas se, antes de escolher estes detalhes, sua decisão for criar, procure fazê-la sem o auxílio da razão. Crie algo que não se pareça com nada do que você conhece, pelo menos não num primeiro momento, porque depois de alguns instantes seu cérebro dará um jeito de encaixar aquela forma ou experiência ao seu repertório, mas até então, explore.
Desconecte-se. Por mais que pareça entranho e as vezes impossível, tente não pensar, esvazie a mente e deixe os movimentos livres para pegar aquela calça colorida que você nunca pega, para escolher aquela almofada que você ama, mas que acha que não combina, para acrescentar pitadinhas daquela pimenta que você nunca teve coragem de experimentar.
Fique atento ao material que está usando, ele pode te sugerir coisas, te dizer algo. Mergulhe em você, mas mergulhe também na matéria com a qual está trabalhando, na textura, na cor, na forma; juntos vocês produzirão.
Use o que você tem. Se achar que faltou algo, não saia correndo pra comprar, dê um jeito de criar com o que já está ali.
Troque por impulso, cores, peças, objetos; com a prática, sua intuição dará conta de pegar a coisa certa para aquele momento.
Se achar que errou, passe por cima, pinte de branco, tire e coloque outro, continue. O erro não é exatamente um erro, considere-o como um acerto, um detalhe a mais que compõe a identidade de sua criação, sem este suposto erro, ela não seria a mesma. O erro ajuda a construir e a dar consistência a criação.
Não rejeite a imperfeição, trabalhe com ela.
É difícil explicar os porquês quando se está deixando fluir, então se alguém com o olhar desconfiado vier analisar sua criação e começar a perguntar, por que isso, por que aquilo? Você pode simplesmente responder: porque sim! E convide-o para criar também. No fundo só você saberá as mudanças causadas por suas experiências criativas!
Quando estiver quase no fim de uma criação e seu lado crítico, que estava esquecido, começar a aparecer, é provável que a insatisfação venha, afinal nossos padrões estão muito arraigados. Mas não desista, ouse e continue exercitando sua criatividade; coloque outra música, vende os olhos, troque de roupa, apague as luzes, mude o ingrediente.
Depois de algum tempo você terá vários resultados diferentes, observe-os e busque neles algo recorrente, algo só seu que sempre aparece. Esses pequenos detalhes falam de você. E quando
descobrir, encontrará parte de sua essência. Agarre esses resultados e vá deixando-os cada vez mais fortes e maiores! Então surgirá aquela combinação de roupas que te deixa radiante, aquela pintura abstrata impactante, aquele pudim maravilhoso, aquele projeto diferente e lindo! Surgirão coisas únicas, pois saíram de um ser único, você.

Fonte: Raquel Carraro

Fonte: Raquel Carraro

Fonte: Raquel Carraro

Fonte: Raquel Carraro

 

Raquel Carraro

Artista Plástica – www.raquelcarraro.com.br